segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Acordei com saudade


Palavra corrosiva, 
que nos destrói aos poucos.

Saudade de receber meus amigos em casa para assistir alguma comédia bem besta, ou algum filme do Tarantino. Saudade de jogar vídeo game com meus amigos. Saudade de escrever e/ou receber cartas. Saudade daquele friozinho na barriga ao esbarrar com aquele alguém. Saudade de beijos sem despedidas. Saudade de sentir o efeito do afeto adentrando por entre as veias. Saudade de ter alguém pra segurar a mão e dizer que tudo isso que está chegando, também irá passar. Saudade das histórias que foram escritas para serem vividas, mas a maldade do tempo acabou afastando. Saudade de quanto costumávamos fazer planos. Saudade de sentar numa mesa de bar e ficar rodeada de amigos conversando,  sem interrupção de celulares e wifi. Saudade de quando a liberdade no -18 tinha mais sentido que nos dias de hoje. Saudade de quando minha única preocupação era chegar cedo do colégio para assistir meu desenho favorito. Saudade de quando as pessoas costumavam acreditar mais umas nas outras. Saudade de quantos todos os meus amigos moravam um ao lado do outro, ou na mesma rua, ou na mesma cidade. Saudade de quando a saudade era só saudade, mas era só dobrar a esquina e a gente podia matar todas elas. A saudade pode ser até bonita em nome, mas costuma esmagar o peito.

Às vezes, parece que a vida se transforma em uma rodoviária imensa, repleta de chegadas e partidas, encontros e despedidas; só não sabemos bem a exatidão das horas para descer da plataforma.


Tornei-me saudade. E a carrego na bagagem.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Teu sorriso no meu olhar



É possível que você já saiba, porque através dos meus olhos surgem tantos segredos que somente você é capaz de desvendar. Você já sabe até mesmo o momento certo pra “voltar” quando falo que – segundo você, são apenas bobagens – nós não vamos dar certo e prefiro ir embora. Nossa história não foi feita para os livros, porque certamente o autor teria que reescrevê-la várias e várias vezes, e isso o deixaria mais frustrado que uma poesia com falta de rima. Não iria servir para um filme, porque os protagonistas não iriam saber tanta energia, intimidade e conectividade quanto nós costumamos ter sempre que nos encontramos em tempo real, ou nos sonhos. Eu poderia te eternizar através das palavras e te espalhar pelo mundo, sem que soubessem de nós, mas talvez meu apego seja tão grande que não gosto nem de imaginar alguém sentindo a mesma sensação que posso sentir enquanto te observo. Já perdi a conta de quantos encontros tivemos e nem quero contar quanto iremos ter, mas se puder formar um 8 na horizontal, serei mais feliz que enquanto seguro sua mão. E eu que sempre gostei de números ímpares, te escolhi pra ser meu par.


Quero beijo de bom dia, mordida no lábio, esquentar a cama, te fazer chorar de tanto sorrir, te contar sobre os meus lugares prediletos e sobre as coisas fúteis que acabo por detestar, quero assistir aqueles filmes de animações bem bestas só pra gargalhar de tanto rir ao seu lado, quero subir nos picos mais altos de alguma montanha e observar o pôr-do-sol enquanto te abraço, quero que as conchinhas do mar sintam inveja de como nos encaixamos tão bem quanto elas, quero sentar ao redor da mesa após um dia cansativo e te ouvir falar o quanto precisa de um banho e cama, quero te olhar dormir – mesmo sem fazer nada -, quero poder ganhar todos os meus dias só por chegar em casa e te encontrar. As vezes, tenho a ideia de que encontro a felicidade dentro do seu abraço.


Mas se você some, é saudade.
Quando aparece, me frustro.
E se permanece, tudo ao redor se ajusta.



Nem mesmo os melhores autores iriam conseguir decifrar nossa história, porque ela não foi feita somente para um livro de cabeceira, não foi feita pra ser escrita, nem foi feita pra caber em singelas palavras. Foi feita pra gente, e tá cheia de reticências a serem complementadas à dois. 

domingo, 26 de julho de 2015

Coração inquieto

Ele não foi.
E não será o último.
Essa não é a primeira vez que ela está sofrendo por falta de correspondência.
E nem será a última.

Essa não será a última vez que alguma moça vai ferir teu coração tão gravemente, que nem se quer as tonalidades musicais soará tão grave quando.
Nem a última vez que alguém irá sofrer por ti, moça.

Aprende!
A vida dá voltas, bem mais caprichosas quanto o mundo costuma dar em questões de segundos.  E quando você viu, mais um passo em falso é dado.
O chão que a gente pisa não é mais o mesmo.
Os amores costumam escorregar entre noites esfarrapadas e sentimentos líquidos. Não se afogue em qualquer gole que encontrar por aí. As cidades estão cheias dos frascos de veneno disfarçados por sorrisos encantadores e ingênuos.
Quisera que todas as paixões fossem tão fixas quanto o desejo de abrir alguma página avulsa do Netflix em uma tarde de domingo tediosa, e entrar no mundo de cada um dos personagens. Quisera que, com a mesma veracidade de desejar ser o par romântico daquele filme preferido, seja o desejo em tempo real com aquela pessoa que você queira sempre estar por perto.
Essa, certamente, não será a primeira vez que alguém fale sobre as coisas que você costuma pensar diariamente, e por receio sempre acaba não colocando em prática.
Mas também não será a última.

Agarre o amor bem firmemente, não seja e nem encontre o líquido que escorre sobre as mãos de alguém como areia fina no meio do deserto. O mundo costuma girar através dos sopros que você suspira quando encontra alguém; a vida fica mais aconchegante quando a gente cabe dentro de um abraço.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Lado B

Quantas histórias de amor ainda vão passar até que você retorne?

Não sei como você conseguiu se intensificar tanto em mim.
Teu jeito manso e feroz (tudo ao mesmo tempo) tornou meu equilíbrio desajustado. É bem como fico ao teu lado: desajustada!

Mas, que sorte a nossa.

- sorte? estar presa enquanto há liberdade... é isso que você chama de sorte?

- não, sorte é ter toda liberdade do mundo, mas ter a certeza de um sentimento aprisionado a ti. eu sei, pareço meio louca, mas é que até nosso jeito parece se complementar, acredita?

...

Eu sei que é amor, sempre soube e sempre irei saber.
Amor não é prisão, mas os dois corações de atam e parecem não se desatar mais. E não é por questão de aprisionamento, é somente por não bater tão bem quando longe do outro. Sabe quando a saudade aperta e escorre pelos olhos? É amor. E quando os personagens do teu seriado favorito parecem até coisa de vida real, e vocês estão ali, encenando cada claquete daquelas? É amor. E quando as músicas parecem ter um nome só? Também é amor. Tá, amor também é um pouco de paranoia. E não venha me dizer que, as vezes, o amor não te deixa completamente cego e você acaba nem percebendo o quanto aquela pessoa te quer por perto. Amor é querência, partida, chegadas, ciúmes, carinho, beijo no rosto, mensagens de madrugada, café na cama aos domingos de manhã, sexo durante o dia inteiro... é esse sufoco que a gente sente só de imaginar a língua envolvendo a outra. Amar não é problemático, mas o problema do amor... é que (talvez) por amar demais, e não dar conta de todo aquele sentimento, alguém sempre acaba fazendo merda. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sossega, menina!

Por onde anda aquele sorriso que costumava me arrancar risadas?
Por onde anda aquele olhar que fazia meus olhos brilharem mais que a constelação de saturno e me fazia pensar em roubar-lhe o anel que o envolvia só para te tirar pra girar na nossa dança-roda-bamba?

Não quero que borrem teu sorriso. Nunca. Jamais.
Não deixo que digam, que pensem ou falem bem mais do que acredita.
Não hesitarei segurar tua mão quando o caminho for barulhento, tal como as batidas que algumas estradas já deram em teu coração. E no meu.
Mas, me prometa! Me prometa que não irás permitir a ilusória invasão de algum conhecido aparentemente desconhecido apontando o dedo e tentando mostrar quem tu és, quando não fores nada aquilo do que aquilo dito por aquele. Não perde teu encanto, menina! Não se perde de mim!


Não fantasiarei nada.
Nem mesmo o teu sorriso.
Quero o que é real.
Segura fortemente teus punhos.
Aguenta firmemente.

A vida não é boa
pra quem finge que sente,
então planta essa semente
e não te demoras,
mas vem de repente.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Repentino

O que seria o amor senão essa coisa maluca
e óptica, que apesar de não-palpável
todos querem ser tocados?

Em breve, sairá nos jornais: "jovem AMORRECEU cedo demais, por tanto amar o que não era convém ao próximo"; certamente mais uma perda para o pobre e incontrolável coração que não escolhe quem, quando e onde amar. Coração é essa coisa nossa, íntima. Essa coisa que algum desconhecido quisera roubar mesmo sem intenção alguma que isso aconteça. Coração é bandeja recheada de docinhos e nós somos apenas crianças a espera daquela bandeja para devorar alguns minutos de pura satisfação. Amar é entrega sem devolução, é pedido sem prazo de validade, são os beijos que acabamos doando sem compromisso, é o nosso corpo junto ao outro e passando a sentir-se mais completo. Amar é essa coisa louca, mas tão louca, que quando acaba parece que nunca começou. E não adianta dizer que amor não acaba, porque o filme da vida real é bastante diferente daqueles que costumamos ver na televisão, ouvir nas rádios e ler nos jornais. Amor mais intensidade que permanência. Amor era ter aquele sorriso colado no meu, era poder vê-la dormir de cara limpa e acordar no outro dia ainda mais linda. Todas as músicas que ainda ouço, sempre acaba em amor. E é estranho. Muito. Percebe que na mesma frase a gente sempre coloca um "acaba" antes do "amor"? É tipo: tudo sempre acaba em amor; ou talvez o amor acabe antes mesmo de deixar de existir. 

Amor é amar a alma,
o tempo,
o vento,
aquela música que sempre toca na rádio pra sacanear com o coração da gente,
aquela ligação que a gente menos espera,
é o "bom dia" que muda tudo ao nosso redor quando estamos apaixonados;

o amor está num abraço apertado,
em dormir de conchinha,
em olhares que não sabem pra onde ir, por onde começar, se quer ir ou ficar, 
naquele abraço que meu cachorro dá sempre que chego em casa,
no pote de nutella que me espera,
no sorvete de maracujá,
numa noite de sono bem dormida

e em mais de um zilhão de coisas simples que merecem amor, mas a gente deixa passar sem perceber. Às vezes, estamos tão preocupados em amar, que o amor chega e a gente nem vê, e ele vai embora. 
Eu que sempre quis amar, carrego amor nas coisas simples. 
Tem amor no meu sorriso, nas poesias, no meu olhar,
no infinito.

Amor é desapego, mas nunca consegui desapegar do amor.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

O dia que te deixei ir

Quer saber? Se ele quer mesmo ir, deixa!
Deixa, porque a gente não precisa implorar permanência de ninguém. E porque a melhor permanência que existe não é do lado externo da coisa. Eu sei que vai doer, você vai chorar e pensar que aquele seria sua última paixão, mas certamente não será a última vez que irá doer ou que você vai se apaixonar. Ainda vai doer tanto, por diversas outras vezes e pessoas, que você vai acabar nem lembrando desse alguém tolo que a faz chorar agora. Desapega, menina! Desapego não é essa coisa que a gente exagera pensando deixar ir por falta de afeto, é muito pelo contrário. A gente sabe e sente que gosta, mas aprende a deixar ir para que a vida não fique de maneira tão pesada e agressiva para os sentimentos. Se você ainda não encontrou essa paz interior em alguém, seja a sua própria. Não queira alguém que bagunce nada mais além da sua cama e seu cabelo com algumas boas noites de prazer. Mas olha, toma cuidado, não espere ser casual para ninguém, nem pra você! Continue a viver a vida da maneira que você a deixa mais feliz: intensamente. Tira esse sorriso da gaveta; é hora de colocar aquela sua roupa favorita, colocar sua música preferida no volume máximo e passar aquele batom bem vermelho. Não está permitido se deixar arrasar pelo coração, mas aproveitar a vida como aquela festa inesquecível de uma noite de verão, está mais que permitido,

Olha só pra você, já sorriu só de imaginar.
Pra quê perder tempo com alguém que decidiu perder você? É isso, exato. Quem perdeu não foi você.
Vai, coloca OFF nesse computador, deleta esse sentimento, porque existe uma vida inteira ON esperando para ser aproveitada do jeito que só você sabe aproveitar.
Esquece ele, só não esquece do amor.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Meu ridículo consumado: TEORIA

Quando eu era pequena minha mãe sempre falava para largar mão de certas coisas, que brincar na rua, jogar futebol com os meninos, brincar de pega-pega ou esconde-esconde, queimada, pezinho é meu, e alguns outros, seriam coisas que me trariam o joelho arranhado, cotovelo machucado, ou algo assim.
Deus queira me perdoar, mas foi uma das únicas coisas que não obedeci. Eu nunca me importei com o joelho, ele já é feio por natureza, e vê-lo sangrando ou machucando enquanto ela cuidava de mim, era a coisa mais linda que eu poderia pedir diariamente.
Então brinquei sem ter medo de me machucar, porque acreditei que ser criança era a melhor coisa que poderia ser! E eu estava certa. Hoje eu vejo meus joelhos com algumas marcas, com cicatrizes que não sei da onde vêm, algumas outras me lembro de muito bem, cada história, cada dia, cada marca que nunca vou esquecer.
Aquele tempo bom de apenas saber o quanto estar com meus amigos, levar milhares de arranhões e no mesmo dia voltar pra brincar, era a melhor coisa do mundo. Só que crianças crescem, mas não abandonei a minha criança, ela existe e vive ainda em mim. Talvez eu seja um pouco madura, um pouco experiente; E lembrar a infância me fez fazer algumas linhas do meu presente, o joelho é como a vida, não deixaremos de usá-la por medo de cair não se tem medo de que fiquem as marcas, ela é bonita de qualquer jeito. Quem não cai, não vive. Então de que vale uma bonita e limpa imagem de um “joelho” sem marcas?
Mas saber que as cicatrizes um dia se fecham e tornam-se apenas marcas, a qual muito tempo atrás não sabemos que nome dar para aquilo, além de chamá-las de “feridas”, a qual hoje podemos chamar de experiência.
Eu ainda sinto o cheiro da minha infância!

domingo, 14 de junho de 2015

Insustentável mundo novo

Domingo, 14 de junho de 2015, 14:38:47 hrs.
Alguns dias após as festividades do “dia dos namorados”, caminhava – reflexiva – sobre as complexidades do tempo. Em cada rua que passava, observada cada minucioso detalhe em cada pessoa que passava calada por mim, alguns de sorrisos meio de lado, outros sorrisos tortos, olhares distantes; nas paredes era notória a ausência de vida e eu ficava imaginando quantas vidas poderiam renascer se tivéssemos o habito de pintar corações onde quer que fosse; ouvi cada passo, cada tic tac no relógio e se fechasse os olhos, era possível ouvir as batidas do coração daqueles que por mim passavam. O dia foi escurecendo, a lua enfim sorriu. Parecia que ela gargalhava a cada carícia trocada pelos que se amavam e se espalhavam pelas cidades. Por sorte, encontrei com um senhor de cabelos brancos, em seus 80 e tantos novos motivos para continuar. E ele também sorriu. Assim, do nada. Foi aí que percebi que o nosso maior valor não está nas roupas caras, nos carros da moda e nem em quanto temos na carteira. Há algo de valor e não muito valorizável dentro da gente, e aí lembrei que a Cassia Eller conseguiu traçar palavras passadas de um plano futuro, não é só o mundo que está ao contrário, os nossos valores também.
Continuei caminhando pelas ruas que ali iam aparecendo, sem destino ou ponto de chegada. Eu não sabia para onde queria ir, mas sabia exatamente com quem queria estar. A cada estrela que ia aparecendo no céu, transformando a noite mais clara, eu pensava em todas aquelas pessoas, nas marcas internas que o tempo já havia causado, nos olhares tristonhos e sorrisos amarelados, certamente manchados por perdas ou amores, por palavras ou gestos que esvoaçaram no peito e estilhaçaram a mancha da vermelhidão. As nuvens, carregadas das lágrimas de Deus, pareciam dançar juntamente com as árvores enquanto o vento batia nelas, ao som de Elephant Gun – aquela música gostosa que dá vontade da gente pegar a primeira pessoa na rua e sair fazendo um flash mob descombinado -, e cada barulho de pássaro voando parecia complementar perfeitamente a sinfonia da vida.
23:59:59.
O dia estava indo embora, e junto dele ia também mais algumas horas de vida. Nas ruas e casas, alguns agradeciam, outros se queixavam de viver; nos hospitais, eles rezavam por mais tempo de vida. Enquanto caminhava despercebida indo de encontro ao meu ponto de partida, mal percebi que iria partir tão cedo.

- isso é um assalto, passa tudo que você tem de mais valor!

Pela primeira vez na vida, eu simplesmente não sabia o que fazer. Não sabia se ria ou chorava. Não sabia se corria ou ficava. Não sabia se abraçava aquele alguém que desconhecia os verdadeiros valores da vida. Mas apenas esvaziei meus bolsos. Nada tinha, senão alguns papéis rabiscados e um lápis com a ponta quebrada de tantos amores já escritos. Se eu pudesse, rasgaria meu coração e daria para aquele moço, porque nada me trouxe mais valor, senão amar imensamente as pessoas que adentraram de maneira inenarrável as minhas veias que naquela hora pareciam pulsar cada vez mais rápidas, e às coisas que cativei.
Foi hoje, exatamente nessa hora. Às 00:00:00 de segunda-feira, de qualquer lugar do mundo. Eu morri por causa do amor. Foi um tiro certeiro, calculado exatamente no peito. Do lado do coração. Sorte minha que pude sentir o meu sangue quente escorrer pelas veias, mas valor nenhum isso tinha para um mero desconhecido desprovido de amor.

Se eu soubesse que aquela seria a última lua, teria sorrido de volta.
...na eternidade, o verdadeiro caso do Pierrot e Colombina
Amém-mos.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Não se aluga companhia

 Não me alugo para o dia dos namorados.

Sim, você não leu errado! Não me alugo, não estou a venda! Na verdade, nem sei porque a gente ainda tem essa intensa vontade de ter alguém ao nosso lado nesse exato dia; poderia ser uma data comum, mas não... hoje é aquele dia que você é obrigada a amar e ser amada, não importa se você não escolheu bem o pretendente para passar essa data, mas você precisa dele para não se sentir tão sozinha e excluída do marketing comemorativo que as empresas fazem questão que você passe esse dia com alguém; não importa se você ainda não estava pronta para uma relação e se quer mesmo essa estabilidade, ou se melhor seria se você estivesse sozinha; se você vai na manicure, ela quer porque quer que você pinte as unhas de vermelho (porque além de tudo, ainda existe toda essa coisa de que vermelho representa o amor); quando você abre seu e-mail surgem um trilhão de propagandas, inclusive a TAM (aquela empresa que você nunca viajou) te fazendo refletir com um "a gente se sente nas nuvens quando está apaixonado”; na rua, parece que os casais se amam imensamente, que nunca brigaram, e foda-se se você está com raiva daquela pessoa por algo cometido nesse dia, hoje é dia dos namorados e vocês merecem aparentar estar perfeitamente bem um com o outro; as vitrines ficam cheias de corações vermelhos e aquela sua amiga que parecia nunca desencalhar, conhece um cara no dia anterior e comenta que a noite “vai prometer”.

E então, bem vindo ao dia dos namorados! 



Hoje é o dia que seu telefone toca desesperadamente e você resolve não atender porque imagina os convites absurdos de pessoas que não conseguem sequer lidar com a sua própria companhia, então você coloca o celular no silencioso e começa a fazer algo que seja realmente produtivo, que não dure uma noite ou somente um dia. Nós passamos o ano inteiro tentando correr atrás do nosso equilíbrio emocional e parecemos tão bem, e quando chega essa certa data, o saldo bancário parece valer mais que um saldo de beijos verdadeiros.


 Porque pra quem namora, todo dia é dia de amar, de respeitar, de transar/fazer amor/sexo ou seja lá como você denomine isso em suas intimidades. Todos os dias deveriam ser assim, mas infelizmente no dia dos namorados não... as pessoas ficam com uma necessidade absurda de aumentar esse ego e o medo de parecer ‘sozinha’ em uma data que todas as suas amigas e amigos estariam acompanhados, de jogar tudo pra cima quando encontra a primeira pessoa que vê na rua e solta palavras de carinho pra ver se a data vai possuir algum sentido e, logo após alguns dias (quiçá até no dia seguinte), põe a culpa nos outros, quando a verdadeira culpa está nas expectativas que criamos a cerca das pessoas que nos rodeiam, e que deixamos entrar. Hoje não quero alguém momentâneo, não quero alguém que me alugue e nem quero me alugar, não quero presentes que dias após essa data, não farão o mínimo sentido, porque em momento algum essa companhia me fez sentir.


Que a gente perca essa eterna mania e necessidade de sentir-se sozinho, principalmente nessa data.

Tenho uma ótima companhia ao meu lado, para todos os dias. E não, essa ótima companhia não se trata de um outro alguém, mas da única pessoa que poderá me arrancar vários sorrisos só de ficar parada pensando no tempo, ou assistindo algum filme enquanto jogo pipocas pra cima e tento pegá-las com a boca, a melhor companhia enquanto escrevo minhas poesias e ouço minhas músicas prediletas. Não alugo essa companhia, nem troco, quiçá ela também possa te acompanhar algum dia pelo poder da conquista que existe entre um coração e outro, nada mais. Essa melhor companhia jamais vai me desapontar, nem me abandonar. Tá, talvez a gente discuta algumas vezes, mas logo depois iremos estar nos amando cada vez mais, mas isso faz parte, né? Adoro essa linha tênue que nós temos um com o outro. Essa foi a única companhia que já tive entre todas as primaveras que nunca desistiu de mim, nem por um segundo, nem mesmo quando errei. E é essa mesma companhia que não se permite qualquer aluguel, não se permite a coisas casuais (porque acha que um sentimento não deve ser tão desgastado assim); quando os meus dias começam cinza, minha melhor companhia aparece do nada me mostrando quantas cores o mundo tem e que a escolha está entre pegar um pincel, ou não. Sou ciumenta, ela também. As vezes, tenho vontade de gritar, ela também. Quando fico calada, ela se cala também. Compreende-me como ninguém.

Pra mim, a gente só fica sozinho quando já se perdeu de si. Então que a gente nunca se perca da gente e que vocês, assim como eu, saibam ser a sua melhor companhia para todas as horas. E, de repente, você percebe que é feliz, namorando ou não; percebe que os filmes nem sempre estão certos, e que o que mais vale é estar em paz consigo mesmo. Complete-se antes de tentar ser inteiro com alguém, porque metades ninguém nunca vai querer. As vezes é melhor ser casal de si mesmo, do que viver sozinho acompanhado.

Ah, já ia esquecendo... feliz dia dos namorados para quem, de fato, possui alguém de verdade; alguém de dentro pra fora, alguém a quem você ame a companhia, o cheiro do perfume e o toque nos cabelos. Feliz amor, nada mais além disso! 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

O velho tempo

Sou dessas pessoas que costuma observar cada lance, cada detalhe, cada toque, a duração de cada abraço, cada minuto, cada palavra, cada rotina, cada momento minucioso que se espalha entre uma pessoa e outra quando a gente senta para esperar nosso ônibus passar. Gosto de sentar num lugarzinho só meu e observar como os olhares se comportam diante das inúmeras aparências do cotidiano; são olhares meio de lado, olhares que se esquivam, que se desencontram, que se fixam, olhares que acompanham até que a gente vire a esquina, ou o rosto. Sou apaixonada por olhares. Gosto de tentar imaginar o que se passa entre a cabeça e o coração das pessoas e, apesar de serem completamente distintos, a gente sente quando uma palavra quer sair e o cérebro chega pra ser mais teimoso. Gosto de me perder no tempo para só depois me encontrar. Acho graça nas respostas, no quanto a gente tanto se perde nelas, do quanto já deixamos ir, mas não há nada mais agradável que sentar num banquinho à beira mar, olhar o vento soprando forte, levantando nossas idéias e nossos cabelos brancos, passar horas e horas jogando conversas de como éramos tão mais felizes quando jovens, de como somos tão mais espertos a cada novo grisalho no cabelo. E quando a gente reflete, é hora de agradecer a todos aqueles amores e aquelas pessoas que já nos trouxeram aqueles velhos desentendimentos que quando mais novos pensamos que nunca iria cessar. Mas cessou. O que passou é a melhor reflexão que podemos ter, que nenhum livro ou terapia irá conseguir nos ensinar de nenhuma maneira e, talvez, aprender de maneira mais árdua seja o nosso melhor momento de viver no tempo. E assim, nos tornamos mais essência em um mundo de aparências. 


*fotografia por Lucas Sidrim.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O último pedaço

Nos conhecemos numa despercebida noite de maio de algum ano que ficou perdido entre o meu pensamento acelerado e o transtorno compulsivo de te expulsar de mim. Foi lindo, cara! Foi lindo quando te deixei entrar e mostrar todas as suas músicas expressas através das palavras e carinhos trocados entre uma sms e outra. Eu achava graça nos teus ciúmes bobos, nas brigas avulsas, e amei quando você não me deixou desistir. Eu adorava a forma de como o seu sorriso se formava, ali...bem na minha frente. Gostava de ver o brilho no seu olho enquanto olhava pro meu (fazia tanto brilho que me via refletindo dentro dele). Eu quis te conhecer, mas apenas te vi. Quis te sentir, mas o único toque vivo foi o das mãos. Quis me perder nos teus ritmos, mas o único ritmo que existiu, foi o tom das batidas aceleradas do coração. Eu fiquei. Você foi. Hoje vejo que o tempo é capaz de surpreender qualquer pessoa, mas ainda não entendo como o tempo foi capaz de manchar uma história em questão de algumas horas. Ou talvez essa história nem tenha existido. Talvez as palavras, os sentimentos, a vontade mútua de estar perto, o desejo, a paixão e todos os sentimentos que nos envolviam não tivessem sido verdadeiramente sentidos. Peço desculpas ao tempo por tentar culpa-lo, mas só porque sei que ele não é capaz de retirar os sentimentos de dentro de alguém de uma hora pra outra, de uma noite pro dia. E, talvez seja isso... os sentimentos falsos da modernização de hoje em dia, que planta em você uma nova esperança e logo depois te fazem cair de um prédio de 100 andares, sem paraquedas. Isso é gostar de alguém. Se entregar e fazer de tudo para dar certo, correr riscos e levar na cara. A gente se despediu sem ao menos nos conhecer, porque todos os casais começam uma história a dois em momentos a sós, mas o nosso foi multidão, sempre foi multidão. E antes mesmo de começar, acabou! Assim, do nada, como quem não gosta de comer chocolate da noite pro dia (pois é, eu sei que isso não tem como acontecer, mas imagina se acontece, você iria confiar que amou esse tempo todo comer chocolate?).

- “não gosto de chocolate, não tem muito a ver comigo!”
Na verdade, talvez você goste tanto que nem faça ideia. Talvez você vá sentir tanta falta que nem sabe o quanto. Talvez você acabe o deixando ir embora e, quando se der conta da burrada que fez, ele já tenha se derretido na boca de um outro alguém. Talvez ele congele, ou esquente, não sei. Chocolates são como sentimentos.

Eu quis te conhecer, fosse num dia branco, ouvindo aquela canção que faltava, sabendo que você seria o meu ultimo romance, seja o que for. E no final, faltou você. Foi o que mais quis conhecer. A sós.
Nem mesmo a distância conseguiu ser mais distante que você aquele dia, nem mesmo seu sorriso conseguiu apagar o que tua falta tem me causado. Vou acreditar que seja tarde demais, que é tão diferente assim. Vou fugir da fila do pão e te acompanharei no mesmo rumo, da mesma forma e com os mesmos sentimentos que você vai carregar.

Ter fé é ver coragem no amor.
Meu peito continua repleto de fé!

domingo, 17 de maio de 2015

Amor tece dor

Nosso amor começou da maneira mais estranha. Logo de cara, descobri a incompatibilidade entre os nossos signos – e sempre fui muito focada nessa coisa de signos, constelações e essa viagem cósmica que nos rodeia -. Foi um susto, afirmo! Mas nunca havia imaginado que o horóscopo estava errado. Pra começo de história, éramos completas. E isso desviava toda aquela história de encontrar a metade da laranja, o amor da vida e toda essa baboseira que os livros inventam pra gente se sentir culpado caso não encontre alguém pra dividir nossos momentos. Inclusive, tínhamos mais incompatibilidades do que coisas em comum. Talvez seja isso que nos segure até hoje: o prazer da descoberta que uma descobre na outra a cada dia que passa. Ela gostava de sair aos finais de semana e aos domingos namorar, dormir de conchinha, assistir alguns filmes e dormir no calor dos abraços. Eu preferia ficar em casa durante o final de semana, reunir alguns amigos, ler alguns livros, assistir alguns filmes, fazer guerra de pipoca, limpar bigodes de brigadeiro de panela e namorar todos os dias, dormir de conchinha e no calor dos abraços todos os dias – é que a gente nunca pode imaginar quanto tempo a gente tem pra ficar abraçado a quem nos faz tão bem, né? -. Enfim, sempre fui a parte mais melodramática dos meus relacionamentos. Sempre fui um poço raso de amor, mas quando você chegou tudo transbordou, assim, de repente... Ao passar dos dias, semanas...

Ela me cativou pelo sorriso.
Eu a cativei pela poesia.
Dois pontos fracos em um só.

Havia dias que eu só queria gritar pro mundo o quanto era feliz por tê-la encontrado, mas sabia que a inveja rodearia os nossos corações e o tempo poderia passar apressado pra gente. E eu nunca gostei de pressa, sempre fui calmaria. Não entendo porque algumas pessoas tem medo de demonstrar amor, nunca tive esse problema – amém! Oremos! -. Enquanto alguns se questionavam se deveriam, eu me questionava: por que eu deveria achar errado se tudo aquilo me trazia felicidade? A gente deve temer das coisas que nos travam o riso e magoam o coração, e não daquilo que nos transborda, nos rouba sorrisos e faz preencher o coração.

Hoje eu só queria te fazer um cafuné e um domingo como você sempre gostou.
Mas nosso ponto se tornou nó.
Foi tão fácil gostar de você, não sabia que o difícil estava em tentar te escrever.
Quem sabe a gente se encontre algum dia. Ou talvez nossa história tenha sido feita para viver na imaginação e não sair de lá.
Que esse vazio passe.

E a gente volte a se transbordar.

Volta e meia

Eu desisti. Desculpa.


Fui fraco por não aguentar aquela pressão de amar. Na verdade, nunca tive medo do amor, mas aquela sensação de magoar os demais me deixava aflito. Me desculpa, amor, não queria te magoar, mas as vezes a gente tem que abrir mão de certas coisas pra não mais se culpar. Não estou indo embora por falta de amar; sei que irei sentir saudade das suas pernas enroscando nas minhas, da tua barba invadindo minha nuca  e me fazendo carinho, jamais vou esquecer como você me tocava e o quanto o teu toque me gerava inúmeras sensações – a começar do calor entre as pernas -. Perdoa, mas perdoa mesmo...hoje estou sendo tão fraco que posso até não saber fazer o uso correto das palavras. Não esquecerei os beijos, das cartas, dos nossos telefonemas, das nossas transas, do quanto teu coração pulsava mais rápido ao me ver chegar. Cuida bem do nosso cachorro, do nosso bebê, das nossas fotografias.  Eu vou, mas um dia volto! Só não esquece: não estou indo por falta de amor, nem por falta de amar. Estou levando comigo algumas fotografias e uma blusa com teu perfume, que é pra quando a saudade apertar. Vou só ali do outro lado do mundo, te comprar as flores mais lindas e te preparar um jantar. 

Me espera?

sábado, 16 de maio de 2015

Fugaz

Não gosto de nada relâmpago.

Relacionamentos relâmpagos, abraços relâmpagos, presenças relâmpagos, beijos relâmpagos e tudo que se apaga tão rapidamente quanto começou. Não há imagem que defina as imagens que se apagam em questões de dias, meses, horas, segundos... me embrulha o estômago essa certeza de te ter hoje e amanhã ser só mais uma estranha. Não quero deitar na tua cama, ou tocar os teus lábios se não tens a pretensão de pertencer ao meu outro lado do infinito. Quero minha casa bagunçada e nossas roupas por aí jogadas, nossa cama bem quente pra esquentar qualquer friagem que você tenha pegado por causa do tempo. Não quero mais nada com hora marcada, nem temer que as horas te levem pra bem longe de mim. Se por acaso vieres, venha pra ficar. Põe logo todas as cartas na mesa e me ensina mais sobre o teu jogo, porque nunca fui uma boa jogadora e dificilmente aprendi a perder – apesar de todas as perdas que já passei durante toda essa vida -. Não quero que finja interesse no que escrevo, nem que pesquise sobre os meus autores prediletos, não quero que as expectativas do que “na verdade não é” me rodeiem mais uma vez, não quero que siga nenhum roteiro dos relacionamentos modernos, porque eles são relâmpagos e se esvaem mais rapidamente que a bateria do meu celular. Eu sou assim, intensa. E se não for pra fazer valer cada segundo ao seu lado, não venha; prefiro a minha própria companhia, regada aos abraços de amigos, vinhos baratos e boas conversas, do que tudo que se esvai em tampouco tempo, prefiro todos os sorrisos que ainda posso dar ao ouvir minhas músicas prediletas – é que tenho um monte, e sou péssima em escolher -, do que o romantismo barato de falsas promessas. Sei que nem tudo foi feito pra durar, mas caso seja pra vir e ser tão fugaz quanto os relâmpagos, não venha,  não se aproxime. Se caso decida ficar, te farei café com leite de rosas no café da manhã.


Bom dia!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

É que as vezes me perco no seu sorriso

Felicidade.

Era isso que resumia o seu sorriso. Feliz idade.


Seus sorrisos são como o primeiro suave susto da Julieta, quando das sombras perfumadas daquele jardim insone, Romeu aguçou seus ouvidos com sua voz sublime, serena; é assim quando sorri. Teu sorriso lateja tanto dentro do meu coração que o dia que não te faço sorrir, a saudade do batuque chega pra ficar. Faço uso das poucas palavras pra te fazer sorrir. Uso piadas tolas, versos que não rimam, frases de autoajuda parafraseadas com stand up sem noção e se precisar, até estico meus dedos de um lado a outro do canto da sua boca, só pra te ver sorrir. Você dizia que não era possível ser feliz sempre – e mesmo acreditando -, eu te mostrava que sorrir era sempre possível. Impossível era não sorrir com o som da tua gargalhada gostosa, e não ficar feliz em questões de segundos quando o seu olhar sorria junto do seu sorriso. Eu arriscaria dizer que até os poemas de Shakespeare não possuíam a mesma intensidade que eu sentia ao te ver sorrir, mas devo ser meio boba mesmo, como você bem costuma dizer. E apaixonada pelo seu sorriso. Se eu pudesse, roubaria todos os vaga-lumes do Ivo Mozart pra te roubar sorrisos diários, ou cantava na sua janela aquela musiquinha do Marcelo Jeneci, apesar da minha péssima voz. Não sei porque você diz que existem dias que o sorriso se esconde, quando na verdade ele está bem aí dentro, pertinho dos deus dentes e tua língua. Desculpa o meu egocentrismo cego, mas é que eu adoro me perder em tuas risadas. Na tua boca. Do lado de fora do teu coração. Mas te deixo entrar, só não esquece o teu sorriso do lado de fora do mundo, porque algumas pessoas ainda podem te machucar e roubá-lo pra longe de mim.  Eu poderia envelhecer do seu lado, se você deixasse, e nem iria perceber o quanto o tempo passou, porque o tempo sempre para no momento que você sorri. Hoje,  só quero o som da tua risada gostosa.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Quando teu corpo fluiu poesia

Tem coisas que a gente não planeja, mas acontece.

Por obséquio do tempo, nossos olhares foram expostos e nossa visita a olho nu, simplesmente aconteceu. Eu não sabia o que fazer. Não sabia se ia, ou se deixava você entrar. Você não sabia se naquela hora sorria, ou se também deveria ficar. Quando menos esperei, você tocou meu coração como quem toca uma tela em touch screen e ele te favoritou. O teu também resolveu ficar bobo, e me acompanhou; mas devido o tempo um dia perdido, o próximo passo a gente hesitou. Não sabia se ficava quieta, se me fazia esperta, se deixava com o tempo ou se te convidava, porque tem coisas que a gente tenta, mas não consegue saber ou fazer. Por fora, você já me conhecia tão bem ao ponto de imaginar o meu rosto vermelho enquanto os elogios surgiam, mas por dentro eu ainda era um enorme labirinto, de encontro com o seu sorriso – e eu adorava te fazer sorrir! -.

O tempo resolveu ser bonzinho.

Reencontramo-nos alguns meses depois. Dois corpos trêmulos. Borboletas no estômago. Uma garrafa de vinho, na praia, em noite de lua cheia. Éramos nós. Somente eu e você. O que mais eu iria querer? Aquela lua que incendiava teu sorriso, cada vez mais. Os movimentos da sua boca e o teu olhar meio receoso de quem anteriormente sofrera de amor. E eu só queria te dizer pra não temer, que a lua que cobria teus olhos e me mostrava o quanto eles estavam brilhando naquela hora fazia uma cena tão linda, que eu já nem me imaginava mais um poeta finge dor. Foram conversas, toques, olhares, pensamentos soltos e sentimentos avante, conhecimentos à flor da pele. Nós fomos tantos que, apesar do pouco tempo, não havia mais apesares. Sabe quando a gente conhece alguém e as dúvidas no pensamento começam a gritar no momento que antecede o beijo? Pois é, eu já nem tinha mais. Na verdade, só conseguia pensar em quanto minha boca desejava a sua, do quanto meu corpo te queria, mas eu tive medo de te assustar. É que ela tinha um olhar ingênuo que vez por outra se revirava, deixando visivelmente poéticas as suas indagações: será que eu devo? e se? Mas... por quê não?

Imagine o barulho do mar, das árvores balançando. Era eu. E minha mão soada enquanto você a tocava. Não resisti, fui de encontro ao teu sorriso. E quanto imagino que isso jamais fosse acontecer, pude sentir meus olhos brilhando mais uma vez. Foi incrível! Logo eu, que andava evitando o amor e só queria vê-lo através de minhas poesias, estava ali...contigo...da forma que eu sempre quis estar com alguém, e até então não havia estado. Logo eu, que escrevia sempre sobre momentos como aquele, mas que naquele momento eu jamais conseguiria imaginar que uma de minhas poesias havia, enfim, sido vivenciada por uma completa desconhecida, mas deixei rolar.  

Como pode alguém carregar uma criança no sorriso?

- Duvido você me pegar!
(Ela levantou e correu ao redor da praia; naquela hora, meu sedentarismo acabou).

- Te peguei!, Falei sorrindo e com o entusiasmo de quando costumava brincar com os meus amigos durante as tardes de sábado.

Parecíamos duas crianças. Entre uma conversa e outra, percebi que havíamos esquecido toda essa gravidade em ser adulto; conversamos sobre o seu filme favorito, sobre as músicas que embalavam a trilha sonora da sua vida (até criamos uma pra nossa noite), você me contou sobre os teus pais, sobre os teus medos e... Por incrível que pareça, pude perceber o quanto você parecia comigo. Entre um sorriso e outro, entre nossos beijos e abraços, a gente se aquecia naquela noite que não mais era fria -  o único frio que existia, era o da barriga -. O desejo incontrolável surgiu. Sem meias palavras, o teu corpo ficou mais bonito coberto por todas essas flores que enchem o peito. Você conseguiu ser mais linda do que eu imaginava. Comecei a observar o teu corpo como quem olha pro mar, passava a língua através do teu corpo e sentia o teu gosto salgado – e por dentro tão doce -. Nosso toque era tão macio que nossos beijos de doces, se tornaram quentes; tu não era uma qualquer desconhecida, porque de alguma forma eu podia sentir que já te conhecia, mas não de agora, não de dias atrás; nossa conexão foi tão boa que até a lua sentiu inveja e se escondeu por trás das nuvens. Pausava em cada estrofe do seu corpo, me perdia das palavras entre tuas pernas, gozamos poemas. Após aqueles breves arrepios na nuca, te coloquei sobre o meu peito, que já nem conseguia mais parar de bombear tão forte, te chamei de pequena, te fiz poesias. Jamais vou esquecer do nosso encontro sem data marcada de frente pro (a)mar, nem daquela lua cheia que nos cobria, do teu toque, dos teus cabelos, de como você sorria sempre que eu olhava pra você com meu olhar meio tímido e a bochecha rosada, daquela música que tocava ao fundo entre os intervalos dos nossos beijos, nem da sombra do meu corpo junto ao seu. Nossos corpos ainda trêmulos, cambaleando do amor que ali se fazia, descansavam enquanto o sol nascia e eu te cobria em meus braços, te beijava o rosto, acariciava teu corpo, te fazia cafuné.

- e se eu te pedisse pra ficar, pequena?
(Você me olhou e sorriu; eu havia ganhado meu dia.)

Daquela noite em diante, poderia te fazer mil e umas poesias, mas prefiro o soneto do teu corpo e o toque suave das suas mãos coladas nas minhas.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Reticência entre os nós

Que saudade de nós. Que saudade d’ocê...

Queria aquela nossa loucura lúcida nos centímetros do amor, os calafrios nos intervalos dos nossos beijos, tua mão em minha nuca e tua respiração entre os nossos segredos de liquidificador. Eu amava cada curva dos seus olhos, os sonetos do teu corpo, o teu “te amo, não vai agora!” soava como a melhor melodia para os dias frios, amava cada mania sua, teus defeitos, amava as dobras do teu sorriso, quando você piscava os olhos, te observar dormindo, o tom da sua risada, a tua marca de nascença bem próxima ao peito – e adorava ainda mais deitar sobre ele, acordar sobre ele, ouvindo teu coração aumentar o ritmo só por me ter mais próximo dele -, as cores das tuas veias sempre saltitantes, bem como o teu coração. Queria que as milhas se tornassem centímetros entre a gente, queria nossa cama sempre quente e nosso café ao raiar do dia. Ficamos nós.

Aquele dia de ontem, hoje não me serve mais. Nossos corpos sempre tão quentes, hoje se esfriaram nos braços de outro alguém. O coração que era sempre caloroso tornou-se pedra de gelo, parede de concreto. É estranho, mas parece que acordei e, de repente, nossos encaixes se transformaram em peças que não mais se conectam, nossos braços se encurtaram tanto que hoje já nem consigo mais te abraçar; só não encurta essa distância. Durante muito tempo, pensávamos que encontraríamos todas as respostas para as questões nunca feitas. Enquanto isso, o tempo se encarregava de criar rachaduras que enrijeceram nossos corações.  Outrora, recito na espera da malemolência, com esse meu jeito meio torto, meio louco, inteiro de amor. Nós já pudemos ser tantas vírgulas, interrogações e exclamações, mas hoje nos tornamos reticências. Ficam os nós.

Não importa se os teus amigos pensam que eu nunca te amei,
porque ainda te amo

...