Que saudade de nós. Que saudade d’ocê...
Queria aquela nossa loucura lúcida nos centímetros do amor,
os calafrios nos intervalos dos nossos beijos, tua mão em minha nuca e tua
respiração entre os nossos segredos de liquidificador. Eu amava cada curva dos
seus olhos, os sonetos do teu corpo, o teu “te amo, não vai agora!” soava como
a melhor melodia para os dias frios, amava cada mania sua, teus defeitos, amava
as dobras do teu sorriso, quando você piscava os olhos, te observar dormindo, o
tom da sua risada, a tua marca de nascença bem próxima ao peito – e adorava
ainda mais deitar sobre ele, acordar sobre ele, ouvindo teu coração aumentar o
ritmo só por me ter mais próximo dele -, as cores das tuas veias sempre
saltitantes, bem como o teu coração. Queria que as milhas se tornassem
centímetros entre a gente, queria nossa cama sempre quente e nosso café ao
raiar do dia. Ficamos nós.
Aquele dia de ontem,
hoje não me serve mais. Nossos corpos sempre tão quentes, hoje se esfriaram nos
braços de outro alguém. O coração que era sempre caloroso tornou-se pedra de
gelo, parede de concreto. É estranho, mas parece que acordei e, de repente,
nossos encaixes se transformaram em peças que não mais se conectam, nossos
braços se encurtaram tanto que hoje já nem consigo mais te abraçar; só não
encurta essa distância. Durante muito tempo, pensávamos que encontraríamos
todas as respostas para as questões nunca feitas. Enquanto isso, o tempo se
encarregava de criar rachaduras que enrijeceram nossos corações. Outrora, recito na espera da malemolência,
com esse meu jeito meio torto, meio louco, inteiro de amor. Nós já pudemos ser
tantas vírgulas, interrogações e exclamações, mas hoje nos tornamos
reticências. Ficam os nós.
Não importa se os
teus amigos pensam que eu nunca te amei,
porque ainda te amo
...
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