segunda-feira, 11 de maio de 2015

Reticência entre os nós

Que saudade de nós. Que saudade d’ocê...

Queria aquela nossa loucura lúcida nos centímetros do amor, os calafrios nos intervalos dos nossos beijos, tua mão em minha nuca e tua respiração entre os nossos segredos de liquidificador. Eu amava cada curva dos seus olhos, os sonetos do teu corpo, o teu “te amo, não vai agora!” soava como a melhor melodia para os dias frios, amava cada mania sua, teus defeitos, amava as dobras do teu sorriso, quando você piscava os olhos, te observar dormindo, o tom da sua risada, a tua marca de nascença bem próxima ao peito – e adorava ainda mais deitar sobre ele, acordar sobre ele, ouvindo teu coração aumentar o ritmo só por me ter mais próximo dele -, as cores das tuas veias sempre saltitantes, bem como o teu coração. Queria que as milhas se tornassem centímetros entre a gente, queria nossa cama sempre quente e nosso café ao raiar do dia. Ficamos nós.

Aquele dia de ontem, hoje não me serve mais. Nossos corpos sempre tão quentes, hoje se esfriaram nos braços de outro alguém. O coração que era sempre caloroso tornou-se pedra de gelo, parede de concreto. É estranho, mas parece que acordei e, de repente, nossos encaixes se transformaram em peças que não mais se conectam, nossos braços se encurtaram tanto que hoje já nem consigo mais te abraçar; só não encurta essa distância. Durante muito tempo, pensávamos que encontraríamos todas as respostas para as questões nunca feitas. Enquanto isso, o tempo se encarregava de criar rachaduras que enrijeceram nossos corações.  Outrora, recito na espera da malemolência, com esse meu jeito meio torto, meio louco, inteiro de amor. Nós já pudemos ser tantas vírgulas, interrogações e exclamações, mas hoje nos tornamos reticências. Ficam os nós.

Não importa se os teus amigos pensam que eu nunca te amei,
porque ainda te amo

...


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