Tem coisas que a gente não planeja, mas acontece.
Por obséquio do tempo, nossos olhares foram expostos e nossa
visita a olho nu, simplesmente aconteceu. Eu não sabia o que fazer. Não sabia
se ia, ou se deixava você entrar. Você não sabia se naquela hora sorria, ou se
também deveria ficar. Quando menos esperei, você tocou meu coração como quem
toca uma tela em touch screen e ele te favoritou. O teu também resolveu ficar
bobo, e me acompanhou; mas devido o tempo um dia perdido, o próximo passo a
gente hesitou. Não sabia se ficava quieta, se me fazia esperta, se deixava com
o tempo ou se te convidava, porque tem coisas que a gente tenta, mas não
consegue saber ou fazer. Por fora, você já me conhecia tão bem ao ponto de
imaginar o meu rosto vermelho enquanto os elogios surgiam, mas por dentro eu
ainda era um enorme labirinto, de encontro com o seu sorriso – e eu adorava te
fazer sorrir! -.
O tempo resolveu ser bonzinho.
Reencontramo-nos alguns meses depois. Dois corpos trêmulos.
Borboletas no estômago. Uma garrafa de vinho, na praia, em noite de lua cheia.
Éramos nós. Somente eu e você. O que mais eu iria querer? Aquela lua que
incendiava teu sorriso, cada vez mais. Os movimentos da sua boca e o teu olhar
meio receoso de quem anteriormente sofrera de amor. E eu só queria te dizer pra
não temer, que a lua que cobria teus olhos e me mostrava o quanto eles estavam
brilhando naquela hora fazia uma cena tão linda, que eu já nem me imaginava
mais um poeta finge dor. Foram conversas, toques, olhares, pensamentos soltos e
sentimentos avante, conhecimentos à flor da pele. Nós fomos tantos que, apesar
do pouco tempo, não havia mais apesares. Sabe quando a gente conhece alguém e
as dúvidas no pensamento começam a gritar no momento que antecede o beijo? Pois
é, eu já nem tinha mais. Na verdade, só conseguia pensar em quanto minha boca
desejava a sua, do quanto meu corpo te queria, mas eu tive medo de te assustar.
É que ela tinha um olhar ingênuo que vez por outra se revirava, deixando
visivelmente poéticas as suas indagações: será que eu devo? e se? Mas... por
quê não?
Imagine o barulho do mar, das árvores balançando. Era
eu. E minha mão soada enquanto você a tocava. Não resisti, fui de encontro ao
teu sorriso. E quanto imagino que isso jamais fosse acontecer, pude sentir meus
olhos brilhando mais uma vez. Foi incrível! Logo eu, que andava evitando o amor
e só queria vê-lo através de minhas poesias, estava ali...contigo...da forma
que eu sempre quis estar com alguém, e até então não havia estado. Logo eu, que
escrevia sempre sobre momentos como aquele, mas que naquele momento eu jamais
conseguiria imaginar que uma de minhas poesias havia, enfim, sido vivenciada
por uma completa desconhecida, mas deixei rolar.
Como pode alguém carregar uma criança no sorriso?
- Duvido você me pegar!
(Ela levantou e correu ao redor da praia; naquela hora, meu
sedentarismo acabou).
- Te peguei!, Falei sorrindo e com o entusiasmo de quando
costumava brincar com os meus amigos durante as tardes de sábado.

- e se eu te pedisse pra ficar, pequena?
(Você me olhou e sorriu; eu havia ganhado meu dia.)
Daquela noite em diante, poderia te fazer mil e umas
poesias, mas prefiro o soneto do teu corpo e o toque suave das suas mãos
coladas nas minhas.
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