terça-feira, 12 de maio de 2015

Quando teu corpo fluiu poesia

Tem coisas que a gente não planeja, mas acontece.

Por obséquio do tempo, nossos olhares foram expostos e nossa visita a olho nu, simplesmente aconteceu. Eu não sabia o que fazer. Não sabia se ia, ou se deixava você entrar. Você não sabia se naquela hora sorria, ou se também deveria ficar. Quando menos esperei, você tocou meu coração como quem toca uma tela em touch screen e ele te favoritou. O teu também resolveu ficar bobo, e me acompanhou; mas devido o tempo um dia perdido, o próximo passo a gente hesitou. Não sabia se ficava quieta, se me fazia esperta, se deixava com o tempo ou se te convidava, porque tem coisas que a gente tenta, mas não consegue saber ou fazer. Por fora, você já me conhecia tão bem ao ponto de imaginar o meu rosto vermelho enquanto os elogios surgiam, mas por dentro eu ainda era um enorme labirinto, de encontro com o seu sorriso – e eu adorava te fazer sorrir! -.

O tempo resolveu ser bonzinho.

Reencontramo-nos alguns meses depois. Dois corpos trêmulos. Borboletas no estômago. Uma garrafa de vinho, na praia, em noite de lua cheia. Éramos nós. Somente eu e você. O que mais eu iria querer? Aquela lua que incendiava teu sorriso, cada vez mais. Os movimentos da sua boca e o teu olhar meio receoso de quem anteriormente sofrera de amor. E eu só queria te dizer pra não temer, que a lua que cobria teus olhos e me mostrava o quanto eles estavam brilhando naquela hora fazia uma cena tão linda, que eu já nem me imaginava mais um poeta finge dor. Foram conversas, toques, olhares, pensamentos soltos e sentimentos avante, conhecimentos à flor da pele. Nós fomos tantos que, apesar do pouco tempo, não havia mais apesares. Sabe quando a gente conhece alguém e as dúvidas no pensamento começam a gritar no momento que antecede o beijo? Pois é, eu já nem tinha mais. Na verdade, só conseguia pensar em quanto minha boca desejava a sua, do quanto meu corpo te queria, mas eu tive medo de te assustar. É que ela tinha um olhar ingênuo que vez por outra se revirava, deixando visivelmente poéticas as suas indagações: será que eu devo? e se? Mas... por quê não?

Imagine o barulho do mar, das árvores balançando. Era eu. E minha mão soada enquanto você a tocava. Não resisti, fui de encontro ao teu sorriso. E quanto imagino que isso jamais fosse acontecer, pude sentir meus olhos brilhando mais uma vez. Foi incrível! Logo eu, que andava evitando o amor e só queria vê-lo através de minhas poesias, estava ali...contigo...da forma que eu sempre quis estar com alguém, e até então não havia estado. Logo eu, que escrevia sempre sobre momentos como aquele, mas que naquele momento eu jamais conseguiria imaginar que uma de minhas poesias havia, enfim, sido vivenciada por uma completa desconhecida, mas deixei rolar.  

Como pode alguém carregar uma criança no sorriso?

- Duvido você me pegar!
(Ela levantou e correu ao redor da praia; naquela hora, meu sedentarismo acabou).

- Te peguei!, Falei sorrindo e com o entusiasmo de quando costumava brincar com os meus amigos durante as tardes de sábado.

Parecíamos duas crianças. Entre uma conversa e outra, percebi que havíamos esquecido toda essa gravidade em ser adulto; conversamos sobre o seu filme favorito, sobre as músicas que embalavam a trilha sonora da sua vida (até criamos uma pra nossa noite), você me contou sobre os teus pais, sobre os teus medos e... Por incrível que pareça, pude perceber o quanto você parecia comigo. Entre um sorriso e outro, entre nossos beijos e abraços, a gente se aquecia naquela noite que não mais era fria -  o único frio que existia, era o da barriga -. O desejo incontrolável surgiu. Sem meias palavras, o teu corpo ficou mais bonito coberto por todas essas flores que enchem o peito. Você conseguiu ser mais linda do que eu imaginava. Comecei a observar o teu corpo como quem olha pro mar, passava a língua através do teu corpo e sentia o teu gosto salgado – e por dentro tão doce -. Nosso toque era tão macio que nossos beijos de doces, se tornaram quentes; tu não era uma qualquer desconhecida, porque de alguma forma eu podia sentir que já te conhecia, mas não de agora, não de dias atrás; nossa conexão foi tão boa que até a lua sentiu inveja e se escondeu por trás das nuvens. Pausava em cada estrofe do seu corpo, me perdia das palavras entre tuas pernas, gozamos poemas. Após aqueles breves arrepios na nuca, te coloquei sobre o meu peito, que já nem conseguia mais parar de bombear tão forte, te chamei de pequena, te fiz poesias. Jamais vou esquecer do nosso encontro sem data marcada de frente pro (a)mar, nem daquela lua cheia que nos cobria, do teu toque, dos teus cabelos, de como você sorria sempre que eu olhava pra você com meu olhar meio tímido e a bochecha rosada, daquela música que tocava ao fundo entre os intervalos dos nossos beijos, nem da sombra do meu corpo junto ao seu. Nossos corpos ainda trêmulos, cambaleando do amor que ali se fazia, descansavam enquanto o sol nascia e eu te cobria em meus braços, te beijava o rosto, acariciava teu corpo, te fazia cafuné.

- e se eu te pedisse pra ficar, pequena?
(Você me olhou e sorriu; eu havia ganhado meu dia.)

Daquela noite em diante, poderia te fazer mil e umas poesias, mas prefiro o soneto do teu corpo e o toque suave das suas mãos coladas nas minhas.


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