segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Acordei com saudade


Palavra corrosiva, 
que nos destrói aos poucos.

Saudade de receber meus amigos em casa para assistir alguma comédia bem besta, ou algum filme do Tarantino. Saudade de jogar vídeo game com meus amigos. Saudade de escrever e/ou receber cartas. Saudade daquele friozinho na barriga ao esbarrar com aquele alguém. Saudade de beijos sem despedidas. Saudade de sentir o efeito do afeto adentrando por entre as veias. Saudade de ter alguém pra segurar a mão e dizer que tudo isso que está chegando, também irá passar. Saudade das histórias que foram escritas para serem vividas, mas a maldade do tempo acabou afastando. Saudade de quanto costumávamos fazer planos. Saudade de sentar numa mesa de bar e ficar rodeada de amigos conversando,  sem interrupção de celulares e wifi. Saudade de quando a liberdade no -18 tinha mais sentido que nos dias de hoje. Saudade de quando minha única preocupação era chegar cedo do colégio para assistir meu desenho favorito. Saudade de quando as pessoas costumavam acreditar mais umas nas outras. Saudade de quantos todos os meus amigos moravam um ao lado do outro, ou na mesma rua, ou na mesma cidade. Saudade de quando a saudade era só saudade, mas era só dobrar a esquina e a gente podia matar todas elas. A saudade pode ser até bonita em nome, mas costuma esmagar o peito.

Às vezes, parece que a vida se transforma em uma rodoviária imensa, repleta de chegadas e partidas, encontros e despedidas; só não sabemos bem a exatidão das horas para descer da plataforma.


Tornei-me saudade. E a carrego na bagagem.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Teu sorriso no meu olhar



É possível que você já saiba, porque através dos meus olhos surgem tantos segredos que somente você é capaz de desvendar. Você já sabe até mesmo o momento certo pra “voltar” quando falo que – segundo você, são apenas bobagens – nós não vamos dar certo e prefiro ir embora. Nossa história não foi feita para os livros, porque certamente o autor teria que reescrevê-la várias e várias vezes, e isso o deixaria mais frustrado que uma poesia com falta de rima. Não iria servir para um filme, porque os protagonistas não iriam saber tanta energia, intimidade e conectividade quanto nós costumamos ter sempre que nos encontramos em tempo real, ou nos sonhos. Eu poderia te eternizar através das palavras e te espalhar pelo mundo, sem que soubessem de nós, mas talvez meu apego seja tão grande que não gosto nem de imaginar alguém sentindo a mesma sensação que posso sentir enquanto te observo. Já perdi a conta de quantos encontros tivemos e nem quero contar quanto iremos ter, mas se puder formar um 8 na horizontal, serei mais feliz que enquanto seguro sua mão. E eu que sempre gostei de números ímpares, te escolhi pra ser meu par.


Quero beijo de bom dia, mordida no lábio, esquentar a cama, te fazer chorar de tanto sorrir, te contar sobre os meus lugares prediletos e sobre as coisas fúteis que acabo por detestar, quero assistir aqueles filmes de animações bem bestas só pra gargalhar de tanto rir ao seu lado, quero subir nos picos mais altos de alguma montanha e observar o pôr-do-sol enquanto te abraço, quero que as conchinhas do mar sintam inveja de como nos encaixamos tão bem quanto elas, quero sentar ao redor da mesa após um dia cansativo e te ouvir falar o quanto precisa de um banho e cama, quero te olhar dormir – mesmo sem fazer nada -, quero poder ganhar todos os meus dias só por chegar em casa e te encontrar. As vezes, tenho a ideia de que encontro a felicidade dentro do seu abraço.


Mas se você some, é saudade.
Quando aparece, me frustro.
E se permanece, tudo ao redor se ajusta.



Nem mesmo os melhores autores iriam conseguir decifrar nossa história, porque ela não foi feita somente para um livro de cabeceira, não foi feita pra ser escrita, nem foi feita pra caber em singelas palavras. Foi feita pra gente, e tá cheia de reticências a serem complementadas à dois.