domingo, 17 de maio de 2015

Amor tece dor

Nosso amor começou da maneira mais estranha. Logo de cara, descobri a incompatibilidade entre os nossos signos – e sempre fui muito focada nessa coisa de signos, constelações e essa viagem cósmica que nos rodeia -. Foi um susto, afirmo! Mas nunca havia imaginado que o horóscopo estava errado. Pra começo de história, éramos completas. E isso desviava toda aquela história de encontrar a metade da laranja, o amor da vida e toda essa baboseira que os livros inventam pra gente se sentir culpado caso não encontre alguém pra dividir nossos momentos. Inclusive, tínhamos mais incompatibilidades do que coisas em comum. Talvez seja isso que nos segure até hoje: o prazer da descoberta que uma descobre na outra a cada dia que passa. Ela gostava de sair aos finais de semana e aos domingos namorar, dormir de conchinha, assistir alguns filmes e dormir no calor dos abraços. Eu preferia ficar em casa durante o final de semana, reunir alguns amigos, ler alguns livros, assistir alguns filmes, fazer guerra de pipoca, limpar bigodes de brigadeiro de panela e namorar todos os dias, dormir de conchinha e no calor dos abraços todos os dias – é que a gente nunca pode imaginar quanto tempo a gente tem pra ficar abraçado a quem nos faz tão bem, né? -. Enfim, sempre fui a parte mais melodramática dos meus relacionamentos. Sempre fui um poço raso de amor, mas quando você chegou tudo transbordou, assim, de repente... Ao passar dos dias, semanas...

Ela me cativou pelo sorriso.
Eu a cativei pela poesia.
Dois pontos fracos em um só.

Havia dias que eu só queria gritar pro mundo o quanto era feliz por tê-la encontrado, mas sabia que a inveja rodearia os nossos corações e o tempo poderia passar apressado pra gente. E eu nunca gostei de pressa, sempre fui calmaria. Não entendo porque algumas pessoas tem medo de demonstrar amor, nunca tive esse problema – amém! Oremos! -. Enquanto alguns se questionavam se deveriam, eu me questionava: por que eu deveria achar errado se tudo aquilo me trazia felicidade? A gente deve temer das coisas que nos travam o riso e magoam o coração, e não daquilo que nos transborda, nos rouba sorrisos e faz preencher o coração.

Hoje eu só queria te fazer um cafuné e um domingo como você sempre gostou.
Mas nosso ponto se tornou nó.
Foi tão fácil gostar de você, não sabia que o difícil estava em tentar te escrever.
Quem sabe a gente se encontre algum dia. Ou talvez nossa história tenha sido feita para viver na imaginação e não sair de lá.
Que esse vazio passe.

E a gente volte a se transbordar.

Volta e meia

Eu desisti. Desculpa.


Fui fraco por não aguentar aquela pressão de amar. Na verdade, nunca tive medo do amor, mas aquela sensação de magoar os demais me deixava aflito. Me desculpa, amor, não queria te magoar, mas as vezes a gente tem que abrir mão de certas coisas pra não mais se culpar. Não estou indo embora por falta de amar; sei que irei sentir saudade das suas pernas enroscando nas minhas, da tua barba invadindo minha nuca  e me fazendo carinho, jamais vou esquecer como você me tocava e o quanto o teu toque me gerava inúmeras sensações – a começar do calor entre as pernas -. Perdoa, mas perdoa mesmo...hoje estou sendo tão fraco que posso até não saber fazer o uso correto das palavras. Não esquecerei os beijos, das cartas, dos nossos telefonemas, das nossas transas, do quanto teu coração pulsava mais rápido ao me ver chegar. Cuida bem do nosso cachorro, do nosso bebê, das nossas fotografias.  Eu vou, mas um dia volto! Só não esquece: não estou indo por falta de amor, nem por falta de amar. Estou levando comigo algumas fotografias e uma blusa com teu perfume, que é pra quando a saudade apertar. Vou só ali do outro lado do mundo, te comprar as flores mais lindas e te preparar um jantar. 

Me espera?

sábado, 16 de maio de 2015

Fugaz

Não gosto de nada relâmpago.

Relacionamentos relâmpagos, abraços relâmpagos, presenças relâmpagos, beijos relâmpagos e tudo que se apaga tão rapidamente quanto começou. Não há imagem que defina as imagens que se apagam em questões de dias, meses, horas, segundos... me embrulha o estômago essa certeza de te ter hoje e amanhã ser só mais uma estranha. Não quero deitar na tua cama, ou tocar os teus lábios se não tens a pretensão de pertencer ao meu outro lado do infinito. Quero minha casa bagunçada e nossas roupas por aí jogadas, nossa cama bem quente pra esquentar qualquer friagem que você tenha pegado por causa do tempo. Não quero mais nada com hora marcada, nem temer que as horas te levem pra bem longe de mim. Se por acaso vieres, venha pra ficar. Põe logo todas as cartas na mesa e me ensina mais sobre o teu jogo, porque nunca fui uma boa jogadora e dificilmente aprendi a perder – apesar de todas as perdas que já passei durante toda essa vida -. Não quero que finja interesse no que escrevo, nem que pesquise sobre os meus autores prediletos, não quero que as expectativas do que “na verdade não é” me rodeiem mais uma vez, não quero que siga nenhum roteiro dos relacionamentos modernos, porque eles são relâmpagos e se esvaem mais rapidamente que a bateria do meu celular. Eu sou assim, intensa. E se não for pra fazer valer cada segundo ao seu lado, não venha; prefiro a minha própria companhia, regada aos abraços de amigos, vinhos baratos e boas conversas, do que tudo que se esvai em tampouco tempo, prefiro todos os sorrisos que ainda posso dar ao ouvir minhas músicas prediletas – é que tenho um monte, e sou péssima em escolher -, do que o romantismo barato de falsas promessas. Sei que nem tudo foi feito pra durar, mas caso seja pra vir e ser tão fugaz quanto os relâmpagos, não venha,  não se aproxime. Se caso decida ficar, te farei café com leite de rosas no café da manhã.


Bom dia!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

É que as vezes me perco no seu sorriso

Felicidade.

Era isso que resumia o seu sorriso. Feliz idade.


Seus sorrisos são como o primeiro suave susto da Julieta, quando das sombras perfumadas daquele jardim insone, Romeu aguçou seus ouvidos com sua voz sublime, serena; é assim quando sorri. Teu sorriso lateja tanto dentro do meu coração que o dia que não te faço sorrir, a saudade do batuque chega pra ficar. Faço uso das poucas palavras pra te fazer sorrir. Uso piadas tolas, versos que não rimam, frases de autoajuda parafraseadas com stand up sem noção e se precisar, até estico meus dedos de um lado a outro do canto da sua boca, só pra te ver sorrir. Você dizia que não era possível ser feliz sempre – e mesmo acreditando -, eu te mostrava que sorrir era sempre possível. Impossível era não sorrir com o som da tua gargalhada gostosa, e não ficar feliz em questões de segundos quando o seu olhar sorria junto do seu sorriso. Eu arriscaria dizer que até os poemas de Shakespeare não possuíam a mesma intensidade que eu sentia ao te ver sorrir, mas devo ser meio boba mesmo, como você bem costuma dizer. E apaixonada pelo seu sorriso. Se eu pudesse, roubaria todos os vaga-lumes do Ivo Mozart pra te roubar sorrisos diários, ou cantava na sua janela aquela musiquinha do Marcelo Jeneci, apesar da minha péssima voz. Não sei porque você diz que existem dias que o sorriso se esconde, quando na verdade ele está bem aí dentro, pertinho dos deus dentes e tua língua. Desculpa o meu egocentrismo cego, mas é que eu adoro me perder em tuas risadas. Na tua boca. Do lado de fora do teu coração. Mas te deixo entrar, só não esquece o teu sorriso do lado de fora do mundo, porque algumas pessoas ainda podem te machucar e roubá-lo pra longe de mim.  Eu poderia envelhecer do seu lado, se você deixasse, e nem iria perceber o quanto o tempo passou, porque o tempo sempre para no momento que você sorri. Hoje,  só quero o som da tua risada gostosa.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Quando teu corpo fluiu poesia

Tem coisas que a gente não planeja, mas acontece.

Por obséquio do tempo, nossos olhares foram expostos e nossa visita a olho nu, simplesmente aconteceu. Eu não sabia o que fazer. Não sabia se ia, ou se deixava você entrar. Você não sabia se naquela hora sorria, ou se também deveria ficar. Quando menos esperei, você tocou meu coração como quem toca uma tela em touch screen e ele te favoritou. O teu também resolveu ficar bobo, e me acompanhou; mas devido o tempo um dia perdido, o próximo passo a gente hesitou. Não sabia se ficava quieta, se me fazia esperta, se deixava com o tempo ou se te convidava, porque tem coisas que a gente tenta, mas não consegue saber ou fazer. Por fora, você já me conhecia tão bem ao ponto de imaginar o meu rosto vermelho enquanto os elogios surgiam, mas por dentro eu ainda era um enorme labirinto, de encontro com o seu sorriso – e eu adorava te fazer sorrir! -.

O tempo resolveu ser bonzinho.

Reencontramo-nos alguns meses depois. Dois corpos trêmulos. Borboletas no estômago. Uma garrafa de vinho, na praia, em noite de lua cheia. Éramos nós. Somente eu e você. O que mais eu iria querer? Aquela lua que incendiava teu sorriso, cada vez mais. Os movimentos da sua boca e o teu olhar meio receoso de quem anteriormente sofrera de amor. E eu só queria te dizer pra não temer, que a lua que cobria teus olhos e me mostrava o quanto eles estavam brilhando naquela hora fazia uma cena tão linda, que eu já nem me imaginava mais um poeta finge dor. Foram conversas, toques, olhares, pensamentos soltos e sentimentos avante, conhecimentos à flor da pele. Nós fomos tantos que, apesar do pouco tempo, não havia mais apesares. Sabe quando a gente conhece alguém e as dúvidas no pensamento começam a gritar no momento que antecede o beijo? Pois é, eu já nem tinha mais. Na verdade, só conseguia pensar em quanto minha boca desejava a sua, do quanto meu corpo te queria, mas eu tive medo de te assustar. É que ela tinha um olhar ingênuo que vez por outra se revirava, deixando visivelmente poéticas as suas indagações: será que eu devo? e se? Mas... por quê não?

Imagine o barulho do mar, das árvores balançando. Era eu. E minha mão soada enquanto você a tocava. Não resisti, fui de encontro ao teu sorriso. E quanto imagino que isso jamais fosse acontecer, pude sentir meus olhos brilhando mais uma vez. Foi incrível! Logo eu, que andava evitando o amor e só queria vê-lo através de minhas poesias, estava ali...contigo...da forma que eu sempre quis estar com alguém, e até então não havia estado. Logo eu, que escrevia sempre sobre momentos como aquele, mas que naquele momento eu jamais conseguiria imaginar que uma de minhas poesias havia, enfim, sido vivenciada por uma completa desconhecida, mas deixei rolar.  

Como pode alguém carregar uma criança no sorriso?

- Duvido você me pegar!
(Ela levantou e correu ao redor da praia; naquela hora, meu sedentarismo acabou).

- Te peguei!, Falei sorrindo e com o entusiasmo de quando costumava brincar com os meus amigos durante as tardes de sábado.

Parecíamos duas crianças. Entre uma conversa e outra, percebi que havíamos esquecido toda essa gravidade em ser adulto; conversamos sobre o seu filme favorito, sobre as músicas que embalavam a trilha sonora da sua vida (até criamos uma pra nossa noite), você me contou sobre os teus pais, sobre os teus medos e... Por incrível que pareça, pude perceber o quanto você parecia comigo. Entre um sorriso e outro, entre nossos beijos e abraços, a gente se aquecia naquela noite que não mais era fria -  o único frio que existia, era o da barriga -. O desejo incontrolável surgiu. Sem meias palavras, o teu corpo ficou mais bonito coberto por todas essas flores que enchem o peito. Você conseguiu ser mais linda do que eu imaginava. Comecei a observar o teu corpo como quem olha pro mar, passava a língua através do teu corpo e sentia o teu gosto salgado – e por dentro tão doce -. Nosso toque era tão macio que nossos beijos de doces, se tornaram quentes; tu não era uma qualquer desconhecida, porque de alguma forma eu podia sentir que já te conhecia, mas não de agora, não de dias atrás; nossa conexão foi tão boa que até a lua sentiu inveja e se escondeu por trás das nuvens. Pausava em cada estrofe do seu corpo, me perdia das palavras entre tuas pernas, gozamos poemas. Após aqueles breves arrepios na nuca, te coloquei sobre o meu peito, que já nem conseguia mais parar de bombear tão forte, te chamei de pequena, te fiz poesias. Jamais vou esquecer do nosso encontro sem data marcada de frente pro (a)mar, nem daquela lua cheia que nos cobria, do teu toque, dos teus cabelos, de como você sorria sempre que eu olhava pra você com meu olhar meio tímido e a bochecha rosada, daquela música que tocava ao fundo entre os intervalos dos nossos beijos, nem da sombra do meu corpo junto ao seu. Nossos corpos ainda trêmulos, cambaleando do amor que ali se fazia, descansavam enquanto o sol nascia e eu te cobria em meus braços, te beijava o rosto, acariciava teu corpo, te fazia cafuné.

- e se eu te pedisse pra ficar, pequena?
(Você me olhou e sorriu; eu havia ganhado meu dia.)

Daquela noite em diante, poderia te fazer mil e umas poesias, mas prefiro o soneto do teu corpo e o toque suave das suas mãos coladas nas minhas.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Reticência entre os nós

Que saudade de nós. Que saudade d’ocê...

Queria aquela nossa loucura lúcida nos centímetros do amor, os calafrios nos intervalos dos nossos beijos, tua mão em minha nuca e tua respiração entre os nossos segredos de liquidificador. Eu amava cada curva dos seus olhos, os sonetos do teu corpo, o teu “te amo, não vai agora!” soava como a melhor melodia para os dias frios, amava cada mania sua, teus defeitos, amava as dobras do teu sorriso, quando você piscava os olhos, te observar dormindo, o tom da sua risada, a tua marca de nascença bem próxima ao peito – e adorava ainda mais deitar sobre ele, acordar sobre ele, ouvindo teu coração aumentar o ritmo só por me ter mais próximo dele -, as cores das tuas veias sempre saltitantes, bem como o teu coração. Queria que as milhas se tornassem centímetros entre a gente, queria nossa cama sempre quente e nosso café ao raiar do dia. Ficamos nós.

Aquele dia de ontem, hoje não me serve mais. Nossos corpos sempre tão quentes, hoje se esfriaram nos braços de outro alguém. O coração que era sempre caloroso tornou-se pedra de gelo, parede de concreto. É estranho, mas parece que acordei e, de repente, nossos encaixes se transformaram em peças que não mais se conectam, nossos braços se encurtaram tanto que hoje já nem consigo mais te abraçar; só não encurta essa distância. Durante muito tempo, pensávamos que encontraríamos todas as respostas para as questões nunca feitas. Enquanto isso, o tempo se encarregava de criar rachaduras que enrijeceram nossos corações.  Outrora, recito na espera da malemolência, com esse meu jeito meio torto, meio louco, inteiro de amor. Nós já pudemos ser tantas vírgulas, interrogações e exclamações, mas hoje nos tornamos reticências. Ficam os nós.

Não importa se os teus amigos pensam que eu nunca te amei,
porque ainda te amo

...